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domingo, 18 de maio de 2014



Luiz Felipe Scolari, antigo treinador da seleção portuguesa de futebol, considerou que a investigação que está em curso em Portugal, relativa a uma alegada fuga ao fisco, foi tornada pública por maldade.

«Se está sob segredo de Justiça, como pode ser exposto desta forma? É uma maldade», defendeu o atual selecionador brasileiro numa entrevista à revista semanal Época.

Scolari voltou a negar ter cometido qualquer irregularidade e garantiu que a investigação que corre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) em nada vai afetar o seu trabalho no Mundial2014, que começa no Brasil dentro de 26 dias.

«Não me vão tirar a alegria, não conseguirão que trabalhe de forma diferente com o meu grupo, não conseguirão nada. O resto é jurídico. São teses, são situações. Eles que decidam lá, eles que se preocupem. Isto não vai mudar nada na minha vida», assegurou.

No entanto, o treinador brasileiro admitiu que as notícias que possam afetar a sua família o incomodam: «Não nasci para ser Jesus Cristo, não nasci para dar a outra face».

O DCIAP está a investigar uma suposta evasão fiscal de Scolari entre 2003 e 2008, anos nos quais foi selecionador português.

De acordo com uma investigação do diário brasileiro «Folha de São Paulo», «Felipão» seria suspeito de não ter declarado mais de sete milhões de euros em direitos de imagem.

A noticia em questão....







Luiz Felipe Scolari foi constituído arguido por alegadas infracções fiscais durante o período em que orientou a selecção portuguesa, entre 2003 e 2008, informou nesta quarta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A revelação surge depois de o diário brasileiro Folha de São Paulo ter noticiado que estão em causa verbas resultantes de contratos de cedência de direitos de imagem no montante de 7.425.438,59 euros, pagas ao actual treinador da selecção brasileira através de uma sociedade offshore, a Jared Finance, que funcionava como saco azul da Sociedade Lusa de Negócios, entidade detentora do BPN.

Explicando que as investigações por suspeita de infracções fiscais estão ainda em curso no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, a PGR adianta que foram solicitadas diligências ao abrigo da cooperação judiciária internacional à Holanda, Reino Unido, Brasil e Estados Unidos da América, estando o pedido aos EUA ainda pendente.

Datam já de 2008 as primeiras notícias de fuga ao fisco de Scolari, e que o próprio se apressou a desmentir, tal como fez desta vez. “Eu fiz todas as minhas declarações de impostos correctamente. Em todos os países onde trabalhei sempre declarei os meus rendimentos. Tenho absoluta convicção da correcção das minhas declarações. Se há algo errado, não é comigo. Que a justiça apure todos os factos”, reagiu agora através da sua assessoria de imprensa.

Em 2011, uma testemunha no julgamento do BPN, um inspector tributário que participou nas investigações à instituição bancária, exibiu em tribunal um documento apreendido durante uma busca no qual tanto Scolari como Luís Figo aparecem numa listagem de pagamentos feitos pelo Jared Finance, que servia, segundo disse, de saco azul para “fazer pagamentos por fora”. Em troca dos direitos de imagem, o BPN suportava um terço do ordenado do treinador contratado pela Federação Portuguesa de Futebol.

Grande parte dos 7,4 milhões terão sido recebidos pela empresa Chaterella Investors Limited e transferidos para uma conta em Miami. Outra parte foi creditada à empresa Flamboyant Sports, com sede na Holanda e escritório nas Bahamas, que assinou contrato com a Nike para a cedência dos direitos de imagem do técnico.

A notícia da Folha de S. Paulo baseou-se no site Offshore Alert, que cita documentos oficiais das autoridades, segundo os quais apenas declarou rendimentos provenientes de direitos de imagem de 255 mil euros durante os cinco anos que passou em Portugal. Os investigadores suspeitam ainda de branqueamento de capitais, refere o mesmo site.

Contactado pelo PÚBLICO, Leonardo Scolari, filho do ex-seleccionador nacional, garantiu que o pai não foi ouvido pelas autoridades portuguesas. “Tudo o que sabemos é pela comunicação social”, disse, confessando ter sido apanhado de surpresa pela investigação.

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