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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

                             

A revista Sábado publica na edição desta quinta-feira a primeira entrevista concedida pelo Dux da Universidade Lusófona, João Gouveia, depois da tragédia que roubou a vida a seis colegas seus, em dezembro passado, na praia do Meco. O jovem chegou a ser acusado pelo Ministério Público, mas o caso viria a ser arquivado.



Apontaram-lhe o dedo, foi protagonista mediático pelas piores razões, chegou, inclusive, a ser acusado pela Justiça. O Dux da Universidade Lusófona, único sobrevivente do infortúnio que teve lugar na praia do Meco, em dezembro de 2013, e que ditou a morte a seis estudantes, quebra pela primeira vez o silêncio em público e concede uma entrevista à Sábado, em que discorre sobre a trágica noite e subsequentes desenvolvimentos.


“Aquele fim de semana para nós estava a ser muito positivo”, garante João Gouveia, afastando a ideia de terem ocorrido práticas violentas relacionadas com rituais de praxe, tal como foi amplamente veiculado pela comunicação social, com base em alguns testemunhos.
Aliás, adotando um tom defensivo, o jovem disfere duras críticas aos media. “Quando entramos no campo da mentira, há coisas que não consigo entender”, realça.
Concretamente, no que diz respeito à madrugada de 15 de dezembro, o Dux refere que a sugestão de o grupo ir até à praia não foi dele, escusando-se, porém, a indicar de quem terá partido. Segundo conta, os sete estudantes estariam sentados em meia-lua numa zona da praia em que “havia um grande desnível na areia”. “Não sentíamos qualquer perigo”, assegura. Entretanto ele e Tiago ter-se-ão levantado e, de repente, veio uma onda que arrastou a todos. “Foi tudo muito rápido”, diz.
E como explica João o facto de ter sido o único a sobreviver? “É muito relativo. Já falei com especialistas, uns disseram que foi por eu ter feito bodyboard, outros consideram que o facto de ter tentado salvar a Pocahontas [Carina Sanchez] fez com que a minha cabeça se libertasse do pânico de me salvar a mim. O facto de não ter lutado a partir de certo momento… Eu já estava praticamente a desistir, estava a ver tudo negro… No momento em que já tinha desistido, já não via mesmo… De repente fui puxado pelo mar… Não sei… Não sei… (…) Saí da água a arrastar-me e a vomitar sem forças nenhumas”.
O Dux, que afirma ainda não ter feito o seu “luto”, acrescenta que se não tem “encontrado o gorro onde estavam os telemóveis também não tinha sobrevivido”.
João Gouveia, garante, por outro lado, nunca se ter recusado a falar com os pais dos seus falecidos colegas e que foi por aconselhamento médico que não compareceu aos funerais. Ao mesmo tempo, indica que foi alvo de ameaças por parte do representante das famílias.
No entanto, “o que mais me custou foi ver os meus colegas expostos, sem estarem cá para se defenderem”, salienta o jovem. “Nestes meses, o que mais me deu força foi pensar que por eles eu ia demonstrar que não há nada de mal além do acidente, que já foi horrível. Vou fazer com que as pessoas percebam que eles não são os bichos, os ignorantes, como foram retratados na comunicação social, que os reduzia a paus-mandados de alguém. Eram pessoas sérias e responsáveis”.

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